São Miguel nunca chegou a participar de uma missão, no sentido estrito da letra; nunca cruzou o oceano e nem saiu da sua diocese. Contudo, é lícito dizer que ele possuía um espírito missionário.
Desde a sua gestação, aprendeu dos seus pais: Arnaldo e Graciana, a amar e lutar em prol da Igreja. Quantas vezes o jovem Miguel vivenciou ou até mesmo ajudou, a esconder sacerdotes na sua humilde casa e pela noite cruzá-los na fronteira com Espanha.
A sua vida foi uma árdua e contínua missão. Devido ao jansenísmo que predominava na época, Miguel teve que batalhar para receber a sua primeira comunhão. Para chegar ao sacerdócio, também não o foi nada fácil. Tinha que suportar o mau humor da cozinheira, passear com o cachorro do bispo e depois virar toda a noite estudando.
Com o tempo, foi madurando em São Miguel um generoso e firme espírito apostólico. Sem ter grandes dotes de orador e apesar de ter certa dificuldade de idioma, será capaz de convencer e converter a muitos. As suas humildes, mas profundas palavras eram capazes de penetrar até mesmo os corações incrédulos.
Era consciente de que a primeira e fundamental característica do missionário não é deixar sua família ou sua pátria, mas sim, configurar-se com o Cristo histórico: casto, pobre e obediente. É comprometer-se com o Reino; buscando colocar Deus no coração do Mundo e o Mundo no coração de Deus.
O carisma missionário de São Miguel nasce da contemplação do Verbo Encarnado, que sai de si mesmo e vai ao encontro do próximo. “Ante este espetáculo prodigioso, os padres de Bétharram se sentiram impelidos a entregar-se, imitando o Cristo aniquilado e obediente, e a esmerar-se ao máximo a fim de proporcionar aos outros a mesma felicidade, sob o amparo de Maria, sempre em disponibilidade para o que Deus pedisse dela, sempre submissa à ação de Deus”. (Prefácio das Constituições de 1838).
O Eis-me aqui, para São Miguel, significa entregar-se de corpo e alma ao ministério pastoral da paróquia de Cambó; assumir com esmero o professorado de filosofia no seminário de Bétharram; e também cumprir a Vontade de Deus como superior de quatro paredes; dedicar-se com amor paternal e maternal ao seguimento e formação da primeira comunidade betharramita. Quando todos saíam para missionar, ele ficava fiel ao seu dever de estado, era o ponto de referência dos peregrinos, sacerdotes e até bispos, que acudiam a ele para uma direção espiritual ou para a confissão.
A fiel obediência à Vontade de Deus, exercendo sempre a imensidade da caridade dentro dos limites da sua posição, formará no Santo Fundador um coração disposto a encarar a grande missão mais além do oceano, na América Latina.
Ir. Davi Lara SCJ
Missao requer coragem...audacia...e os Betharramitas mostram que realmente sao missionarios do Reino......Sempre prontos para voar aonde for preciso.....
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